As transições são sempre difíceis. Seja as indecisões da meia-estação, ou das mudanças inevitáveis que acontecem na nossa vida.
Ter um projeto de vida, é bom, não o nego. Permite-nos estabelecer objetivos, lutar por eles, reajustá-los à medida que vamos avançando.
Sempre fui daquelas miúdas muito decididas na minha vida. Sempre soube o que quis no 10º ano, o que quis no ingresso na faculdade. E saber o que queria, para onde ia, foi sempre tão acolhedor, tão seguro. Agarrei-me muito a essa segurança. Assim que inicio a minha tese de mestrado, a última etapa do derradeiro final de um ciclo de aprendizagem, que as minhas dúvidas começavam. Passei por momentos difíceis. E quantas saudades sentia dos tempos em que levantar-me às 6h para entrar às 8h era uma autêntica felicidade. Passei tantos anos da minha vida a estudar (e com tanta paixão), que já não sabia o que era fazer uma coisa diferente, ou melhor, como era estar ali, eu Catarina, e como adaptava o meu dia-a-dia.
Um ano de tese volvido, entrega a Maio de 2014, sabia que deveria defendê-la em três meses. Entramos em Setembro, exatamente há um ano atrás, e as coisas eram agora diferentes. Não tinha um destino, um rumo, aquela segurança de sempre saber para onde ir tinha sido horrorosamente e sem reflexão retirada de mim. Levantava-me todos os dias a aguardar um email que me indicasse quando a data da minha defesa. Foi exasperante ficar sem chão.
Nessa altura dediquei-me ao blog, como meu escape, decidi tentar algumas coisas mais criativas, e a verdade é que o Le Frenz cresceu. Cresceu do meu tempo, e cresceu convosco. Envolvi-me com novas marcas, e meu deus como gostei deste fever de conhecermos novas coisas e podemos explorá-las quase em primeira mão.
E aquilo que ia demorar 3 meses demorou quase 8 - sim, é mesmo isso, quase 8. Defendi a minha tese a 20 e tais de Janeiro, para desespero de toda a gente.
Mais uma vez, uma etapa conseguida, ainda que atribulada. Não sei o que foi pior. Se dedicar-me a 100% à minha tese, viver e dormir para aquilo, se passar 8 meses à espera da minha defesa, sem nunca saber quando seria.
Volvido este tempo, a sorte (e acredito que algum - muito - trabalho), sorriu-me. Faltava-me mais um ano de estágio profissional para ser psicóloga, e depois de um ano para esquecer, uma nova etapa tinha a percorrer. Fui chamada para uma entrevista para um estágio profissional numa escola pouco tempo depois da minha defesa, e fiquei.
Mais uma vez estava a transitar. Transitar para aquilo que era natural, mas que exigia mais uma vez de mim de sair da minha zona de conforto.
Desde que comecei a trabalhar que sinto que ainda não consegui a tempo inteiro combinar as minhas 9h de trabalho, com a casa que tenho para cuidar, com o ginásio que quero e gosto de ir, com o meu namorado e companheiro de todos os momentos, e com as minhas viagens constantes à família, ali bem no norte do país.
A inspiração fugiu-me. As forças também. A vontade de estar com o outro, no pouco tempo que tenho, acabou sempre por ser superior, e como eu precisei disto. Precisei do outro, da minha terra, da minha casa, e do meu ginásio para não me perder nesta mudança, e para me ajustar a ela.
Ainda hoje é difícil conciliar. Mas a cada dia penso que a esta Catarina que tentou encontrar-se falta-lhe esta parte criativa, e de ligação com o mundo virtual que tanto me apaixonou.
Defini prioridades, encontrei inspirações através da mesma rotina que mantenho há já muito tempo - o pinterest - e voltei a Setembro com a ideia de que seria Janeiro, para uma rentrée.
Transitando de menina para mulher, neste papel que me disponho todos os dias, o de profissional, o de amiga, o de amante, (...), quero voltar a encontrar-me por aqui e a inspirar-me, e voltar a inspirar-vos. E crescer. Muito.
Porque este cantinho é tão especial que não merece o abandono, que merece mais. Merece que eu esteja com ele, e que ele se ajuste a esta transição. E merece que estejam com ela, da forma que vos apetecer. Passando por cá, deixando um like, deixando um comentário.
E será falando de transições que voltaremos como num Janeiro a este espaço.
#aquiloqueépessoaltambémdeveserpartilhado
#estecantinho
#lefrenzberries